domingo, 28 de junho de 2020

Alcáçovas




Igreja Matriz de S. Salvador




Dirigida no século XIV, quase nada resta da igreja gótica original tendo-lhe sucedido o edifício atual, da arquitetura renascentista, no século XVI de planta regular, com três naves e cinco tramos, tem quatro capelas mas naves laterais, uma delas, pertencente ao edifício original.
Nota: A Igreja estava fechada. Contatado o número de telefone indicado, na placa informativa, como sendo o do posto de turismo, atendeu uma atenciosa funcionária, que nos indicou que aquele número já não pertencia ao turismo, mas que o posto reabriria às 14h00 - faltavam dez minutos, e que ficava localizado 500 metros mais abaixo, no Palácio dos Henriques.
Dirigimo-nos calmamente pela sombra - estariam uns trinta Graus de temperatura ambiente, e facilmente encontramos o Palácio. Entramos e a menina do atendimento informou-nos que abertura da igreja era efetuada apenas pelo pároco para a celebração de ofícios religiosos.


Igreja da Misericórdia de Alcáçovas 


Fica localizada na Estrada Nacional N2, que é a principal Artéria de Alcáçovas.
Foi construída no século XVI. Alterada posteriormente, apresenta características setecentistas. Frontaria cunhada de granito, Portal em calcário branco, grupo de janelas e grande luneta de couro, Alpiarça por frontão irregular.
A procissão do Senhor dos Passos realiza-se 15 dias após a Páscoa.
A Igreja encontrava fechada e indisponível para visitar.


Palácio dos Henriques


Casa dos últimos donatários da Vila de Alcáçovas (século XV até 1820), o Paço dos Henriques mostra-se tradicionalmente associado a memória de dois acontecimentos marcantes da história de Portugal e do mundo: a celebração do tratado de paz das Alcáçovas, em 1479, entre Dom Afonso V de Portugal e Dom Fernando de Castela, e a feitura do último testamento do rei Dom João II, no qual designou Dom Manuel, Duque de Beja, como seu sucessor no trono. 
Trata-se de um complexo arquitetónico composto por dois espaços diferenciados, separados por um eixo viário pré existente (Rua do Paço): a poente, a casa de habitação, com três pisos, pátio interior, celeiro e pátio exterior morado; a nascente a Capela de Nossa Senhora da Conceição e o horto. 
A casa, na sua configuração atual, resulta de uma campanha levada a cabo pela família do Zé Henriques durante o século XVII, com ampliações e alterações de corridas entre os finais do século XVIII e o século XIX. Aproveita, no entanto, espaços com cronologia construtiva anterior, situável entre os séculos XIV e XVI. 
As ampliações seiscentistas foram feitas à custa de aquisição e anexação de várias casas existente junto os alçados do corpo primitivo do edifício, o que justifica a sua organização espacial-funcional complexa e irregular.

Rua do Paço

A Rua do Paço surge referida a primeira vez no ano de 1674, numa descrição das casas grandes da família Henrique, donatários da Vila de Alcáçovas desde século XV. Porém, a sua origem é anterior. Nos inícios de seiscentos, designava-se rua de Dom Fernando Henriques, numa alusão clara ao donatário da vila, Dom Fernando Henriques, que aí já possuía casas com quintal, este documentado em 1536. A alteração toponímica para a Rua do Paço, ocorrida antes de 1674, está muito provavelmente relacionada não com residência dos Henriques ou com a hipotética existência de um paço real, mas sim com a construção na sua extremidade sul, em meados do século XVII, do Paço de Dom Teotónio, Deão da Sé de Évora, mais tarde designado pelo Palácio Fragoso Barahona.
Na Rua do Paço vão viver e trabalhar também, já nos inícios do século XIX, o chocalheiros Manuel Velho (1792) e Luís Felizardo de Carvalho (1818).

Horto

O horto do Paço do Zé Henriques, também apelidado "Jardim das Conchinhas", embora aproveite estruturas anteriores, subsiste genericamente na sua concepção arquitectónica e paisagística do século XVII. 
Espaço murado, era composto pela área de recreio, a norte no qual se está com a "casa de passarinhos" e as estruturas hidráulicas nomeadamente, o poço com a nora, o aqueduto aéreo, a fonte, o tanque e as condutas que permitam a rega dos canteiros, delimitados por arruamentos com pavimento granadino, e pela horta, a sul, com a casa do hortelão (área sacrificado em 1975 para ampliação da praça da vila).
Contemporânea da re-edificação da Capela de Nossa Senhora da Conceição e da grande campanha de obras operada no edifício habitacional, merece particular atenção o recurso dos embrechados no revestimento integral das estruturas, com os mesmos materiais que se encontram na capela. 
De assinalar a representação de um cavaleiro, segundo se crê, Dom Henrique Henriques (1601-1685), 7º Senhor de Alcáçovas e Capitão-mor na província do Alentejo.

Capela de nossa Senhora da Conceição



Primitivamente da evocação de São Jerônimo, esta capela foi re-edificada entre as décadas de 30 e 40 do século XVII. Em 1680, o oráculo foi mudado para nossa Senhora da Conceição, com a transladação da sua imagem, proveniente da Ermida de São Geraldo, e a fundação da Confraria com o mesmo nome.
A capela, juntamente com uma pequena sacristia nascente, remanesce conforme a sua realização arquitetónica e artística seiscentista. 
A sua singularidade deve-se ao recurso a arte dos embrechados no revestimento quase integral do interior e parcial do exterior (também presente no horto), tão em voga em Portugal ao tempo. 
As composições, com carácter geometrizante e de inpiração serliana, integram materiais vítreos de várias cores e origens, fragmentos de diversa rochas, porcelana chinesa e faiança portuguesa (cacos e pequenos pratos) e conchas e búzios (mai de duas dezenas de espécies) proveniente dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. Assinala-se ainda, no seu interior, ao nível do primeiro registo, revestimento azulejar de meados do século XVII.

Fabrico de Chocalhos

A domesticação dos animais determinou o seu uso: guarda e proteção, guerra, meio de tração e fonte alimentar. 
Nasce a pastorícia. A geografia e o ciclo das estações obrigaram pastores e animais ao movimento na paisagem, a transumância - o que obrigou a um constante diálogo negocial para acesso a caminhos e pastos: um vaivém sazonal entre as terras altas no verão e as terras baixas no inverno. 
Durante séculos, a transumância dos gados proporcionou o contacto entre populações distantes, permitindo a troca de CEMI nação de formas culturais. Criaram-se objetos sonoros para permitir a localização e a proteção dos animais. Surgem os chocalhos, as campainhas e os guizos, assim como os homens que se especializaram no seu fabrico, os mestres chocalheiros e esquilameiros, unindo as artes do fogo à música. Com o arame farpado, o ermamento de grandes territórios e industrialização alimentar a civilização dos pastores entrou em colapso. O fabrico de chocalhos, um saber fazer inalterado há mais de dois milénios, encontra-se hoje em perigo de extinção devido a perda de função, anunciando-se o fim de uma paisagem sonora, de saberes metalúrgicos e de manifestações culturais, bem como de raças autóctones.
 Em 2015, a UNESCO inscreveu o fabrico de Chocalhos na lista do património cultural imaterial com necessidade salvaguarda urgente.




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