O milagre de Arouca, programa de José Hermano Saraiva, conta, brevemente a história da de Mafalda, uma das filhas de D. Sancho I, neta de D. Afonso Henriques.
Mafalda casou com o rei Henrique I, de Leão, criança que faleceu, aos treze anos, vítima de uma pedrada na cabeça. Anteriormente já o casamento havia sido anulado pelo Papa, a pedido da regente do trono e irmã mais velha de Henrique, porque os noivos eram primos e havia sido solicitada autorização papal.
Após o casamento, não consumado, Mafalda ingressa no Convento de Arouca, que lhe foi doado pelo seu pai.
O programa dá nota da constante prosperidade económica do mosteiro, que aderiu à ordem cisterciense renovada, no século XIII, e da extraordinária coleção de tesouros que foi reunindo, ao longo dos séculos.
Mostra o túmulo de pedra onde esteve sepultada a rainha, que manteve o seu corpo incorrupto, até à sua descoberta, durante a realização de obras, no século XVIII e o túmulo de prata e cristal através do qual se pode, ainda hoje, ver o corpo da Rainha Santa Mafalda, beatificada em 1792.
Mas o verdadeiro milagre de Arouca revelado pelo programa, ocorreu depois da extinção das ordens religiosas no século XIX. Às ordens femininas, foi permitido que mantivessem as religiosas a morar nos conventos, até ao falecimento da última. Em Arouca, a última freira morreu em 1866, 52 anos depois do decreto de extinção. A previsibilidade do acontecimento permitiu que os homens bons de Arouca, organizados na Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda, ocupassem o convento e impedissem o saque dos artefactos religiosos. A Irmandade foi, posteriormente, designada, pelo rei, como fiel depositária dos tesouros.
Mais tarde, durante a primeira fase da implantação da República foi uma aia da última religiosa, Rosa do Sacramento, que distribui as obras de arte sacra pelas casas da população para evitar o roubo. Todas as obras podem hoje ser vistas no museu de arte sacra do Mosteiro de Arouca.